Este quadro, para os que não o reconhecem e o que retrata, mostra a famosa Rua Velha, a rua onde nasci.
É uma obra
saída do pincel de uma das mais singelas pessoa que conheço, além de ter
uma inteligência rara e um amor incomensurável por nossa terra: minha
prima-amiga, querida, Socorro Montenegro. Foi um dos maiores presentes
que já ganhei na vida. Hoje, esse quadro ornamenta a casa do meu céu
aqui na terra: meu sítio - meu mato, como gosto de chamar. Nele vemos a
casa da minha vó, D. Chiquinha Leite; o portão de ferro que dava entrada
para a casa dos meus país, lugar onde nasci; o famoso sobrado onde
funcionou o Hotel Pernambucano, de Seu Idio; e o prédio onde funcionou a
farmácia do povo, que foi de seu Virgílio e depois do saudoso
piancoense Seu Joaozinho Cavalcante. Sobre esse quadro e essa rua eu fiz
um pequeno poema épico , que também se chama: Rua Velha.
A bem da
verdade, não sei se o nome do dono do hotel da Rua Velha era: Hildo,
Idio, ou Ildo. Lembro muito dele e de sua elegante fisionomia. De sua
voz rouca. Do trago do seu cigarro. Eu também lembro de sua filha, uma
bela moça, chamada Carminha. Muito amiga de minha tia Liínha e da nossa
amiga, Salete Diniz, que deve lembrar de tudo. Eu o chamava: vovô,
agrado de criança, pelo qual me retribuía com bombons ou moedas, para eu
comprar na mercearia de Seu Severino Zacarias, ou as chupetas de açúcar
lá em D. Ivaní de Seu Valdemar Costa. Comprava também os picolés de
manga de Lia de D Erundina, ou cocada ou tapioca de cocô a Anchieta de
Miúda. Tinha também a opção da tapioca de cocô de D Natália mãe de
Luizinho.
Esse
sobrado foi construído pela família Parente, que nele morou por muitos
anos. Depois passaram a alugá-lo, como foi o caso do hotel. Anos se
passaram e ele foi abandonado. Meu velho pai pelejou para o município
comprá-lo e fazer lá um museu-escola. Nenhum prefeito aceitou a idéia.
Aí o prédio começou a cair. Como nossa casa era vizinha e nem os
herdeiros nem o poder público tomava providência, o jeito foi ele vender
uma camioneta e várias cabeças de gado para comprar o sobrado, prestes a
cair por cima de nossa casa. Como não havia recuperação da estrutura,
teve que arcar ainda com a demolição. Hoje, se tivesse sido tombado e
adquirido pelo poder público, era um cartão postal de nossa história.
Conheço muitos parecidos com ele: em Areia, Taperoá, Pombal, e tantos
mais. Mas, infelizmente, isso é uma verdade: Piancó tem escrevido sua
história por linhas tortas. Triste verdade. Aqui não quero procurar
culpados.
Postado por Dr. Paulo Montenegro em 2014.
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