"Vivo
em tristeza, pois o meu passado me persegue e me tortura.
Separação dos pais desde os quatro anos, padrasto que bebia, batia em
minha mãe. Passávamos fome, pois tudo ia para o álcool, abuso sexual, e
sempre com o 'direito' de permanecermos calados, pois minha própria mãe
assim exigia que meu pai não soubesse de nada. Eu ia pra casa do meu pai
e nunca quis voltar pra casa, pois com ele tinha amor, compreensão,
carinho e alimento.
Depois
que meu pai faleceu de câncer, há cerca de quatro anos, senti que
minha vida acabou, pois o homem que me olhava com olhar terno,
acariciava meu rosto com o mais puro amor paterno, não estava mais
presente pra me dar colo, carinho. O homem que me amava por eu
simplesmente existir, por eu respirar...
Essa
pessoa que habita em mim é só metade do que já fui. A outra foi
sepultada com ele. Como me livrar de tamanhas feridas? Já tentei de
todas as maneiras, mas tudo isso de minha infância vêm na minha cabeça
como um flash. Eu não quero lembrar, mas minha mente teima em reviver
isso. Não consigo esquecer, vivo a base de antidepressivos e calmante.
As vezes, tenho ataque de muita fúria, sou tomada pelo ódio, ódio por
meu pai ter morrido, ódio por minha mãe, que permitiu tudo isso em nome
do amor dela. E o amor a nós, filhos???? Porque ela não me amou como meu
pai me amou? Esse mesmo ódio se transforma em culpa por sentir isso...
parece que sou culpada de ter nascido, parece que minha vida aqui é um
tremendo equivoco. Às vezes sinto que a culpada de toda essa droga de
vida é minha. Sinto que vou desaparecer tamanha dor que sinto em meu
peito..."
Comentário em Cicatrizes do Passado
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