Embora tenham muitas músicas
Cantadas por diversos famosos,
Acerca do alpendre de cada casa,
Deixam,ainda,muitos curiosos.
Pois todo alpendre tem sua forma
Contando as estórias de cada um,
Arquitetura própria que se torna
Reproduzida em folhas de álbum.
Não posso deixar de homenagear
E contar também a minha estória.
As alegrias que tive lá no
alpendre
Da minha casa, hoje na memória.
Junto com minhas irmãs e meus
pais
Sorríamos naquele alpendre
sagrado,
Lugar mágico que não o vejo
jamais,
Só em sonho, bastante emocionado.
Quando o sol batia em seu espaço.
Nele, corria e crescia,em
demasia,
Feliz, sem medo ousem embaraço.
Era o tempo de criança e de alegria.
Não havia senha para nele ingressar.
O portão de ferro era a
testemunha
Da chegada e do bom acolhimento
Pelo bom agrado que ali
dispunha.
As jardineiras, companheiras
fieis,
As mais simples e as mais
formosas,
Não tinham rosas, só folhas
verdes,
Expressando uma paz esperançosa.
A porta que dava naquele
alpendre
Tinha cor verde e duas venezianas
(Eram as traves do jogo e da
alegria)
Da casa do Sr. José e de dona
Joana.
Na sua lateral havia um
parapeito
Feito de cimento que nunca
acaba,
Onde ali a gente sentava ou
pulava
Em busca do galho do pé de
goiaba.
Às vezes alguém caia, mas logo
sorria.
Outras vezes de apoio também
servia
De fotografia para sua posterioridade.
A melhor fase da vida, cheia de
magia.
O piso era de mosaico, bem
desenhado
Com as suas cores brancas e vermelhas,
Onde os meus pés fixavam toda
firmeza
Protegidos pelas sombras de suas
telhas.
Ele era encerado, não por
enceradeira,
Mas por pano liso, o bem
branquinho,
Que transmitia a brincadeira de
irmão:
Um puxando o outro, como o carrinho.
Não tinha laje.Tinham ripas e
caibros
Que esfriavam o corpo e minha
alma.
Trazendo a calma que me
agasalhava
Expulsando as tristezas e os traumas.
As cores das paredes eram
amarelas
Representava o brilho intenso do
sol.
Ali, no seu aconchego, me
entregava
À paz e a certeza de não me
sentir só.
Os transeuntes retratavam todo dia,
Fielmente,o cenário que dele eu via:
Eram vaqueiros em direção à
feira;
Eram pessoas que eu não conhecia;
Eram crianças em direção às
escolas;
Eram bêbados caindo pelas
calçadas;
Eram pedintes rogando por
esmolas;
Eram animais em suas caminhadas;
Eram andorinhas em suas revoadas
Em cima do Colégio Santo
Antônio,
Onde lá estudei a lição e a
tabuada,
Os instrumentos do meu
patrimônio.
Eram os gatos correndo, sem
direção;
Era o canto dos canários
encantados;
Era a chegada da fumaça do
cachimbo,
Vindo da casa de um vizinho ao
lado.
Tudo isso era bem visto do alpendre
O qual me ensinava como era a
vida.
E não havia vencedor nem vencido;
Apenas os significados de uma
lida.
Assim,o que vi e vivi naquele
tempo
Do alpendre da minha casa
amarela,
Hoje, destruído, sem a sua
aparência,
Foi a melhor fase da vida, a
mais bela.
João Pessoa, 01 de fevereiro de
2015 – 14h34min.
José Ventura Filho
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