terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

“O ALPENDRE DA MINHA CASA” (a melhor fase da vida)



Embora tenham muitas músicas
Cantadas por diversos famosos,
Acerca do alpendre de cada casa,
Deixam,ainda,muitos curiosos.

Pois todo alpendre tem sua forma
Contando as estórias de cada um,
Arquitetura própria que se torna
Reproduzida em folhas de álbum.

Não posso deixar de homenagear
E contar também a minha estória.
As alegrias que tive lá no alpendre
Da minha casa, hoje na memória.

Junto com minhas irmãs e meus pais
Sorríamos naquele alpendre sagrado,
Lugar mágico que não o vejo jamais,
Só em sonho, bastante emocionado.
Quando o sol batia em seu espaço.
Nele, corria e crescia,em demasia,
Feliz, sem medo ousem embaraço.
Era o tempo de criança e de alegria.

Não havia senha para nele ingressar.
O portão de ferro era a testemunha
Da chegada e do bom acolhimento
Pelo bom agrado que ali dispunha.

As jardineiras, companheiras fieis,
As mais simples e as mais formosas,
Não tinham rosas, só folhas verdes,
Expressando uma paz esperançosa.

A porta que dava naquele alpendre
Tinha cor verde e duas venezianas
(Eram as traves do jogo e da alegria)
Da casa do Sr. José e de dona Joana.

Na sua lateral havia um parapeito
Feito de cimento que nunca acaba,
Onde ali a gente sentava ou pulava
Em busca do galho do pé de goiaba.

Às vezes alguém caia, mas logo sorria.
Outras vezes de apoio também servia
De fotografia para sua posterioridade.
A melhor fase da vida, cheia de magia.

O piso era de mosaico, bem desenhado
Com as suas cores brancas e vermelhas,
Onde os meus pés fixavam toda firmeza
Protegidos pelas sombras de suas telhas.

Ele era encerado, não por enceradeira,
Mas por pano liso, o bem branquinho,
Que transmitia a brincadeira de irmão:
Um puxando o outro, como o carrinho.

Não tinha laje.Tinham ripas e caibros
Que esfriavam o corpo e minha alma.
Trazendo a calma que me agasalhava
Expulsando as tristezas e os traumas. 

As cores das paredes eram amarelas
Representava o brilho intenso do sol.
Ali, no seu aconchego, me entregava
À paz e a certeza de não me sentir só. 



Os transeuntes retratavam todo dia,
Fielmente,o cenário que dele eu via:
Eram vaqueiros em direção à feira;
Eram pessoas que eu não conhecia;

Eram crianças em direção às escolas;
Eram bêbados caindo pelas calçadas;
Eram pedintes rogando por esmolas;
Eram animais em suas caminhadas;

Eram andorinhas em suas revoadas
Em cima do Colégio Santo Antônio,
Onde lá estudei a lição e a tabuada,
Os instrumentos do meu patrimônio.

Eram os gatos correndo, sem direção;
Era o canto dos canários encantados;
Era a chegada da fumaça do cachimbo,
Vindo da casa de um vizinho ao lado.

Tudo isso era bem visto do alpendre
O qual me ensinava como era a vida.
E não havia vencedor nem vencido;
Apenas os significados de uma lida.   



Assim,o que vi e vivi naquele tempo
Do alpendre da minha casa amarela,
Hoje, destruído, sem a sua aparência,
Foi a melhor fase da vida, a mais bela.

João Pessoa, 01 de fevereiro de 2015 – 14h34min.

José Ventura Filho


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