Quero ter como presente de Natal apenas um dia comum, entre tantos outros, com sossego, sem planos, sem dúvidas, sem dívidas, sem projetos mirabolantes e sem preocupações, distantes dos horizontes falsos, bordados pelos fios do capitalismo...
Quero um céu lindo e espaçoso, adornado por um manto azul, sem limite e sem poluição, seguradopor um véu de nuvens,bem branquinhas, acenando o símbolo da paz, enviando-me um convite para o uso da imaginação,da inspiração e da construção dos sonhos há tanto pedidos...
Quero sentir o cheiro da natureza e a presença:
De umamanhecer, vendo um rio caudaloso, um riacho faceiro, um córrego companheiro, conduzindo suas águas aos braços do mar; sentindo o vento acariciando o meu rosto, sem a mão do desmatamento, da devastação e da poluição, ouvindo os pássaros e outros animais, em algazarras, sem donos e sem nomes; o desabrochar de uma flor em total harmonia com o meio ambiente, em puro contentamento e beleza;
De um entardecer, ouvindo os gritos e os sorrisos das crianças, correndo livres nos campos e nas ruas, sem qualquer temor, sem as correntes do abuso, do jogo e do ilusionismo das más-criações;
De um anoitecer, com estrelas cintilantes, tangendo-me para bem distante de um futuro tristonho e medonho, ofertando-me uma bela noite de sono e de sonhos;
Do afago amigo, longe das falsidades ou invejas, fabricadas por um julgamento indevido, pelo ódio ou rancor, que só levam ao gosto amargo da solidão e da incompreensão no relacionamento diário;
Do toque suave da canção certeira e da saudade, incluindo o meu passado e o meu presente; dos entes que me deram e me dão, ainda hoje, a felicidade tão bem guardada;
Da vida correndo, com saúde e tranquilidade, no meu trabalho e no meu dia a dia, com meus familiares e amigos, pedindoà Deus que dê àquelessofredores, devedores e ou pobres de espírito o elixir das soluções dos seus problemas,em suas horas mais difíceis; o sopro do perdão, da compaixão, da comunhão, da solidariedade, do amor fraterno, da compreensão, da consagração e da libertação dos seus lamentos, dores e sentimentos vis;
Do espírito divino, da autoconfiança, da motivação, da renovação,da perseverança, da coragem, da compreensão, da caridade, da solidariedade, da transformação e do amor para respirar, equilibrar e enfrentar as intempéries que por ventura venham surgir, a fim de merecer o ar da bem-aventurança;
E, por fim,do Nosso Senhornos olhos dosenfermos, dos detentos, dos loucos, dos desempregados e dos oprimidosque não têm o calor humano e a oportunidadedigna, revoltadose presos às teiasda marginalidade, criadas e fabricadaspor aqueles que se achamlivres e poderosos, protegidos pelo manto da arrogância, da ganância, da indiferença e da impunidade, rogando e prometendo fazer o que não podem cumprir...
João Pessoa, 09 de novembro de 2017 – 10:51.
José Ventura Filho
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